O Programa F-X2 está parado. Na sua avaliação, esse processo deve ser retomado logo?
Estamos participando do programa de licitação do F-X2, fizemos nossa oferta e, como você sabe, o processo foi um pouco congelado por razões políticas brasileiras que eu não vou comentar. Então, nós aproveitamos o tempo suplementar que nos foi dado para continuar o trabalho de aproximação com a indústria brasileira. Isso nos permitiu enriquecer a nossa oferta através de participação em seminários, ou seja, aproveitamos esse tempo para aprofundar nosso conhecimento e assinar memorandos de entendimentos com várias empresas, o que melhora ainda mais a compreensão do que vai ser a transferência de tecnologia. Porque a nossa oferta vai ser a número um no que diz respeito à transferência de tecnologia.
Há mesmo esse compromisso de transferência de tecnologia?
100% de transferência de tecnologia. Isso está completamente apoiado e autorizado pelas autoridades francesas, em todos os níveis. A Dassault não está sozinha: temos pequenas empresas, médias e grandes que vivem graças à atividade do Rafale na França. Da mesma maneira, se a gente tiver um contrato do F-X2 haverá o desenvolvimento dessas competências localmente com um conjunto de companhias. Então, a gente identifica neste momento as empresas com as quais nós poderíamos trabalhar. A Dassault tem feito contatos no Brasil? Através de nossos seminários no Brasil, nós fazemos aproximação com políticos de lugares onde nós poderemos fazer o trabalho. São homens da política que têm interesse em que as indústrias locais se desenvolvam, o que é gerador de tecnologia, o que quer dizer emprego e valor agregado também.
Mas o modelo Rafale é o mais caro em relação aos modelos equivalentes…
O Rafale é mais caro que do Gripen mas é normal, ele faz mais de duas vezes e meia o trabalho do Gripen. Ou seja, se a gente faz a relação entre o que ele faz a mais e o seu preço em relação ao Gripen eu penso que o Rafale é menos caro. Olhando para os americanos, sim, o F-18 é um pouco menos caro que o Rafale, mas há uma razão: é a relação euro/dólar. O euro é mais caro que o dólar, então nós somos penalizados pelo fato de que nossos custos são em euro. E mais, eu acredito que a credibilidade de transferência de tecnologia é maior em relação à França dos que aos Estados Unidos.
O Sr. conversou com os parlamentares brasileiros que vieram a Paris?
Sim, nós os encontramos no Salão de Le Bourget. Essa delegação foi convidada numa boa data pelo Parlamento francês. Eles vieram numa missão de informação num domínio importante e estratégico da defesa e aproveitaram para ter um briefing sobre o Rafale. Mas não era essa a missão número um — a missão número um é que eles pudessem ver, junto às autoridades e parlamentares franceses, como funciona o sistema de defesa francês.